terça-feira, 3 de junho de 2008

O ano em que nasci:


Eu em minha humilde vidinha sem nada pra fazer, tava lendo uma Vogue de 86 (isso, uma VOGUE!! Não se espantem, mas antes de RI, eu sonhava em ser uma super Stilyst daquelas bem Rock Star e tinha coleção de revistas de Moda). Essa Vogue e da época em que ainda haviam matérias nas revistas, não só merchandising, e por acaso tem muito de política. O que me surpreendeu foi a falta de criatividade da evolução de um pais, ou melhor, dizendo de nosso querido Brasil.
Em 22 anos, o Brasil mudou, mas mudou muito pouco, enquanto eu vim de bebe a “quase-mulher”, falta pouco para minha quase-total-evolução (rsrs) e o Brasil, para se tornar um verdadeiro homem, precisa de que?
Paulo Mendonça usa de seu espaço, em 86 relembrando, para divagar sobre a classe media no Brasil, chega a afirmar que no século XXI essa classe trabalhadora e sempre insatisfeita transcenderia, sim, transcendemos, mas sinto lhe dizer que as coisas não melhoraram muito. Não estou querendo fazer nenhuma articulação pessimista das variadas situações em que vivemos, quem me conhece sabe que sou umas das pessoas mais otimistas que existem, acredito, ainda, num pais igual para todos, por mais incrível que pareça.
Naquela época se falava que os governantes davam maior ênfase a classe baixa, aos que necessitavam mais, deixavam os pobres da classe B abandonados, mudou muito? Pedia-se uma revolução de classes em plena Vogue. Uma revolução em que o combustível vinha das esperanças da classe media, com sua palavra Sr. Mendonça:
“O erro de todo e qualquer populismo e supor que se faz uma democracia começando com os mais desvalidos, com o que Marx chamava o lumpenproletariat. Começa-se com a Classe Media e esta puxa o lumpenproletariat e o mais.”
Muito bem, muito bem, a revolução não se fez, mas a visão continua a mesma, continuam faltando auxilio e benefícios, continuam muitas classes desamparadas. Nesse meio tempo já deve existir classe F.
“Acontece que a classe media, embora não majoritária, e a grande caixa de ressonância da sociedade, alem de multiplicadora de opiniões.” Sim, Sim! E naquela época meio inadaptada a vida moderna, hoje super bem adaptada e sofrendo de profundo desespero perante o futuro.
“O que ela pensa, dada sua posição na estrutura, dado seu acesso a formação intelectual, e o que o pais pensa. Quem escreve, quem publica, quem fala, quem ensina, quem aprende, quem governa do segundo escalão para baixo, e a classe media. Quem tem iniciativa da produção, senão o trabalho físico da produção, e a classe media. Nunca se edificou na Historia, a não ser pela coerção, uma sociedade livre e criativa sem a classe media.”
Sou filha da classe media, meus pais são da geração que saia da ditadura, mas, isso não mudou muita coisa em suas percepções. Daí, venho a um assunto que me abala. Ao conformismo, meus pais ficaram conformados em seguir os preceitos da sociedade. Eu tenho medo do conformismo.
O conformismo deixa o mundo como esta, não queremos mudar o mundo, queremos transformá-lo num lugar melhor para todos viverem. Mas, os ideais morrem com a idade? Com a construção de uma família? Com a necessidade de ter de sobreviver?
O conformismo come nossas esperanças e nossos ideais, come nossos sonhos. A necessidade mata os planos, mata o ideal de mundo que tínhamos.
Abaixo o conformismo de nossa juventude, manter-se jovem e o bem maior. Com a cabeça fresca e sempre pronta a receber mais saberes e experiências.

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