sexta-feira, 16 de maio de 2008


Sabe, eu troquei um super relacionamento pela insegurança da vida livre e leve, pois eu queria emoção e aventura. Reclamo? Reclamo e muito, mas não me arrependo de forma alguma. Fui eu que pedi de volta uma vida de inseguranças e eternos inícios de romance de filme americano, o problema e que nunca tem final feliz. E esse nunca pode ser bem longo para alguém de 21 anos e uma vida inteira pela frente. Eu não sei o que espero, só sei que não consigo me envolver com qualquer um, “existem tantas pessoas especiais no mundo”.
E já se foram um ano e meio de grandes pessoas especiais, todas com uns finais bem especiais também. Já o digam as minhas confidentes. A gente pede tão pouco de vez em quando que fica extremamente surpreendida com as coisas que acontecem.
Ser bem resolvida, ter confiança e ainda por cima ser inteligente parecem ser pequenos adjetivos que assustam o mais simples dos manes e os afastam pra caramba, e creio eu, que quando eles vêem um rostinho bonitinho eles esperam do fundo do lindo coração deles que a gente seja burra, por que se você leva o papo para a frente e a um parâmetro acima do deles eles logo inventam um monte de baboseiras para não continuar com você. No fundo todo mundo sabe que eles gostam mesmo e de submissão. Mesmo a gente estando no sec. XXI, eles ainda vivem no seu pequeno mundo particular em que mulheres fingiam não ter nada na cabeça.
Uma certeza eu tenho, a minha cafeína não me larga nunca, e um caso de amor eterno!
Claro, que quem vos escreve aqui não e nenhuma flor de candura, mas também não e nenhum monstro que não consiga levar um relacionamento à frente, normalmente sou ate eu que termino, mas eu termino por que vejo que aquilo não vai chegar a lugar algum.
Faço coleção de relacionamentos fracassados, faço coleção de paixonites agudas, faço coleção de lições mal resolvidas, faço coleção de pessoas que acrescentaram algo a minha experiência de vida, que mudaram a minha visão do mundo, mas que porem sempre vacilaram ou sumiram depois da missão cumprida.
Pequenos infortúnios da vida.
A pequena ordinária loira esperando o seu cafajeste, se não sou flor, melhor esperar o ordinário que seja igual a mim, um bom rapaz cheio de infortúnios, mas que saiba amar sinceramente. ;)

P.S.: E que se foda as conclusões precipitadas de quem não tem o que fazer da vida e esta preso demais no seu mundinho alienado.

2 comentários:

Anitão disse...

Obrigada pelo elogio. E quem seria o nosso amigo em comum?

Gostei do seu texto sobre a "insegurança da vida livre e leve". Estou me aventurando já faz um tempo por ela, e por mais fracassado que um relacionamento seja, o importante é aprender ou escrever alguma coisa sobre.

Michael Genofre disse...

O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.

O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.

O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.

O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.

Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.

O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.

O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.

O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.

O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.

O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.

O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.

(Os três mal amados; fala de Joaquim. De João Cabral de Melo Neto.


Ótimo para pensar quando estamos reflexivos sobre nossos maus relacionamentos.

Beijos